terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Prevenção: sua definição e os fatores que o abordam





PREVENÇÃO



Definição


      Fatores do próprio indivíduo 

De proteção
De risco
Habilidades sociais
Insegurança
Cooperação
Insatisfação com a vida
Habilidades para resolver problemas
Sintomas depressivos
Vínculos positivos com pessoas, instituições e valores
Curiosidade
Autonomia
Busca de prazer
Auto-estima desenvolvida


Na passagem da experimentação para o uso regular e na manutenção do uso, fatores mais relacionados com características internas do adolescente, tais como insegurança ou sintomas depressivos, podem estar envolvidos.
Analisando-se os fatores internos do adolescente que podem facilitar o uso de álcool e drogas, podem-se citar também a insatisfação e a não-realização em suas atividades. Os jovens precisam sentir que são bons em alguma atividade, sendo que esse destaque representará sua identidade e sua função dentro do grupo. O adolescente que não consegue se destacar nos esportes, estudos e relacionamentos sociais, dentre outras ações, pode buscar nas drogas a sua identificação. A insegurança quanto ao seu desempenho também exerce o mesmo papel, no sentido de empurrá-lo para experimentar atividades nas quais se sinta mais seguro. Em relação aos esteróides anabolizantes, Bahrke e colaboradores (1998) afirmam que a insatisfação com a própria imagem corporal e a deposição de muita importância nos atributos físicos podem se tornar fatores de risco para o uso dessas substâncias, que acabam desempenhando um papel na manutenção da auto-estima desses jovens.
Os sintomas depressivos e as crises de angústia que, em muitos casos, fazem parte da adolescência normal, são também fatores de risco. O jovem que está triste, desanimado ou mesmo ansioso e angustiado tende a buscar atividades ou coisas que o ajudem a sentir-se melhor. Os efeitos das drogas podem proporcionar, de forma imediata, uma melhora desses sintomas, sendo uma tentativa de “auto-medicação”. Quanto mais impulsivo e menos tolerante à frustração for o adolescente, maior será o risco de usar drogas. Segundo estudo desenvolvido com adolescentes dependentes, aqueles que apresentavam sintomas depressivos evoluíam mais rápido da experimentação para o uso regular e também consumiam drogas mais fortes, como a cocaína, em alguns casos, sem ter usado substâncias mais “leves” anteriormente, como a maconha (SCIVOLETTO, 1997).
Ao mesmo tempo, a curiosidade e a busca de emoções, também presentes na adolescência, são fatores que contribuem para o desejo de experimentar sensações novas e integrar-se em comemorações e festas que podem incluir comportamentos de risco e o uso de drogas.


      Fatores familiares

Devem-se considerar como fatores que têm influência tanto para favorecer o uso de drogas como para servir de proteção o fator genético e o papel formador da família. 

De proteção
De risco
Pais que acompanham as atividades dos filhos
Pais fazem uso abusivo de drogas
Estabelecimento de regras de conduta claras
Pais sofrem doenças mentais
Envolvimento afetivo com a vida dos filhos
Pais excessivamente autoritários ou muito exigentes
Respeito aos ritos familiares

Famílias que mantêm uma “cultura aditiva”.
Estabelecimento claro da hierarquia familiar



A família pode ser um fator de risco ou de proteção para o uso de substâncias psicoativas. 
Em primeiro lugar, temos o fator genético, ou seja, filhos de pais dependentes de álcool e/ou drogas apresentam risco quatro vezes maior de também se tornarem dependentes. Uma série de estudos realizados com gêmeos estuda a hereditariedade dos transtornos relacionados ao uso de drogas. Tanto fatores ambientais como genéticos contribuem para o uso e abuso/dependência de drogas. Com exceção dos sedativos e opiáceos, a hereditariedade estimada, em algumas pesquisas, foi maior para o abuso e a dependência de drogas (cocaína, estimulantes, maconha, álcool) do que para o seu uso, enquanto os fatores ambientais contribuíram mais para o uso delas (cocaína, estimulantes, maconha, álcool). 
Outro aspecto de fundamental importância é o papel da família na formação do indivíduo. É função da família proporcionar que a criança aprenda a lidar com limites e frustrações. Crianças que crescem num ambiente com regras claras, geralmente, são mais seguras e sabem o que devem ou não fazer para agradar. Quando se defrontam com um limite, sabem lidar com a frustração, por terem desenvolvido recursos próprios para superá-la.
Sem regras claras, é natural que o jovem sinta-se inseguro e, na tentativa de descobrir as regras do mundo, também testará os seus limites, deparando-se com frustrações. Dessa maneira, as drogas surgem como “solução mágica”: o seu consumo faz com que todos os sentimentos ruins desapareçam por alguns instantes, sem necessidade de esforços maiores. Na adolescência, sem a proteção da família, o adolescente desafiador e que não sabe lidar com frustrações apresenta maior chance de desenvolver uso indevido de substâncias.
Cuidados adequados aos filhos durante toda a infância (incluindo a vacinação), como um lar onde as intervenções paternas sejam menos restritivas e impositivas, estão relacionados a uma vida mais saudável na adolescência, capacitando esse indivíduo, quando adulto, a desempenhar um bom papel paterno ou materno (ARMSTRONG et al., 2000).
A adolescência, por ser um período de grandes transformações, leva a família a uma reorganização de papéis e ao estabelecimento de novas regras. São necessárias adaptações na estrutura e organização familiar para preparar a entrada do adolescente no mundo adulto (SPROVIERI, 1998). 
A presença dos pais junto aos filhos é tão ou mais importante na adolescência do que na infância, uma vez que seu papel agora é estar atento, mobilizar sem dirigir, apoiar nos fracassos e incentivar nos êxitos. Em suma, estar com os filhos e respeitar cada vez mais sua individualização (SAMPAIO, 1994).
Dessa forma, o conflito entre os pais é um dos fatores de risco mais relevantes, pois expõe as crianças e os adolescentes à hostilidade, à crítica destrutiva e à raiva. Freqüentemente, esses conflitos estão relacionados a alterações no comportamento, tais como agressão, sentimento de bem-estar prejudicado e funcionamento social inadequado. Em especial nas adolescentes, isso pode precipitar sintomas depressivos, delinqüência e problemas com álcool.


      Fatores escolares


De proteção
De risco
Bom desempenho escolar
Baixo desempenho escolar
Boa inserção e adaptação no ambiente escolar
Falta de regras claras
Ligações fortes com a escola
Baixas expectativas em relação às crianças
Oportunidades de participação e decisão
Exclusão social
Vínculos afetivos com professores e colegas
Falta de vínculos com as pessoas ou com a aprendizagem
Realização pessoal

Possibilidades de desafios e expansão da mente

Descoberta de possibilidades (e “talentos”) pessoais

Prazer em aprender
Descoberta e construção de projeto de vida

      Fatores sociais

A influência dos modismos é particularmente importante sobre os adolescentes (KANDEL e YAMAGUCHI, 1993). A moda reflete a tendência do momento e os adolescentes são vulneráveis a estas influências. Eles estão saindo da infância e começando a ganhar autonomia para escolherem suas próprias roupas, suas atividades de lazer, enfim, definir seu próprio estilo, e a moda influenciará a escolha desse estilo. Nessa escolha de modelos, salienta-se a pressão da turma, os modelos dos ídolos e os exemplos que esses jovens tiveram dentro de casa, ao longo de sua infância.
O uso indiscriminado de medicamentos, como remédios para relaxar, para melhorar o desempenho sexual e para dormir, dentre outros, dão ao jovem a impressão de que, para qualquer problema, há sempre uma alternativa química de ação rápida que não requer grandes esforços, enfim, resposta consoante com o imediatismo característico da juventude.

De proteção
De risco
Respeito às leis sociais
Violência
Credibilidade da mídia
Desvalorização das autoridades sociais
Oportunidades de trabalho e lazer
Descrença nas instituições
Informações adequadas sobre as drogas e seus efeitos
Falta de recursos para prevenção e atendimento.
Clima comunitário afetivo
Falta de oportunidades de trabalho e lazer.
Consciência comunitária e mobilização social
             

     Fatores relacionados à droga   

De proteção
De risco
Informações contextualizadas sobre efeitos
Disponibilidade para compra

Regras e controle para consumo adequado 
Propaganda que incentiva e mostra apenas o prazer que a droga causa 

Prazer intenso que leva o indivíduo a querer repetir o uso 

De maneira bastante simples, quanto mais rápido o início dos efeitos de uma droga e quanto menor a duração do efeito dela, maior o potencial de uma droga para causar dependência. Isso se explica porque o organismo teria pouco tempo para se re-equilibrar, no caso do fim dos efeitos, com sintomas de abstinência aparecendo de forma intensa e rápida. Assim, com o mal-estar físico causado pela ausência da droga, a pessoa teria “mais vontade” (ou necessidade) de voltar a usar a droga.  


A prevenção na família, na escola e na comunidade


O problema do uso indevido de drogas está disseminado em todos os lugares. Escolas, clubes, condomínios, comunidades, todos enfrentam essa questão. Muitas vezes, por não se saber como abordar o problema, não se toma iniciativa para tentar resolvê-lo. Considerando que são muitos e variados os fatores que causam os problemas com o abuso de drogas, uma ação isolada não é suficiente. São necessárias ações conjuntas, em diferentes níveis, realizadas e dirigidas para os diversos grupos que compõem a comunidade. Na definição das estratégias de prevenção, é preciso considerar que as palavras e as informações não bastam. É importante que todas as pessoas envolvidas tenham oportunidade de refletir sobre seus comportamentos e sobre suas opções de vida, procurando identificar os caminhos para uma vida mais saudável.





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